Olá Pessoal... A algum tempo pedi para um estudante amigo meu dar sua opinião sobre a escola real e a ideal... Então ai vai. Enquanto professora confesso que esse texto me fez avaliar muitos pontos em minha carreira bem como nossa forma de se relacionar com os alunos... Como sou uma apaixonada pela profissão que escolhi e que me escolheu... Ai segue a opinião do Caetano sem edições e nem cortes. Muito obrigada querido por aceitar o desafio.
A
escola ideal e a escola realEu me chamo Caetano Rocha e tenho 15 anos, estudo em uma escola do estado em Santo André, ABC paulista. Minha amiga professora Mariangela Ramisch me chamou para escrever sobre “A escola ideal e a escola real”, eu aceitei e gostei bastante da ideia, me interesso nesse assunto. Então vamos lá:
Eu começarei falando da escola real, para mostrar o que está “errado” e o que poderia melhorar para alcançarmos a escola ideal. Primeiro de tudo: O que é a escola e como ela funciona? Nós vivemos em uma época em que tudo é rápido e prático, temos qualquer informação precisa que quisermos na palma da mão, qualquer conta matemática, qualquer nome histórico, quer um exemplo? Dê uma olhada no aplicativo PhotoMath (
https://photomath.net/) ele é simplesmente um aplicativo de celular que enxerga qualquer conta matemática e a resolve mostrando o “x” e a conta para chegar até lá. Agora quer saber uma coisa trágica? Nós (estudantes) somos obrigados a ficar sentado em uma desconfortável cadeira de madeira por mais ou menos seis horas por dia para “adquirir conhecimento”, e de cinquenta em cinquenta minutos o assunto muda... Pode até dar certo para quem tem uma ótima concentração, mas as pessoas são diferentes, tem diferentes formas de aprender e mostrar que sabem, o professor não pode nem preparar a aula, ela já vem pré determinada, os alunos são divididos em salas de mais ou menos quarenta alunos da mesma idade (como se idade medisse inteligência, um aluno de 12 pode ser tão capaz quanto um de 15 e vice-versa), no final tem provas e não vale olhar no livro nem colar do colega! Depois de tudo deveria valer a pena porque com um diploma se consegue qualquer bom emprego e boa vida... Não mais!
A escola já foi útil para o conhecimento, sim. Mas agora, como eu disse, tem vários meios muito mais simples e rápidos de ter um conhecimento mais amplo, como a internet. A escola não se tornou inútil não! Mas está caminhando para isso... Com a industrialização a escola precisou mudar, e com a internet ela precisa de uma nova mudança, desde a industrialização já se passaram quase duas gerações... Nem todo mundo precisa de faculdade, nem todo mundo precisa ser engenheiro ou médico, mas todos precisaram desenvolver o conhecimento, e cá entre nós, não é o que a escola faz... Nós, alunos do médio ou fundamental, estamos sendo preparados para o passado ao invés de para o futuro...
A pior parte é que no Brasil, a educação está em penúltimo lugar de melhor educação em um ranking de 50 países e o salário do educador é extremamente baixo, o que desmotiva os professores. Ou seja, enquanto um jogador de futebol ganha milhões para chutar uma bola e jogar o seu jogo (Não querendo desvalorizar o seu trabalho, apenas comparar), o professor que educa seus alunos para o futuro ganha em média de 1.200 reais por mês na escola do estado.
Agora que eu já resumi o que é a escola e seus problemas, colocarei os problemas em tópicos explicando porquê são problemas e como resolve-los (Já entrando em “Escola ideal”):
-Obrigação: Eu acho que quase tudo que é obrigatório se torna chato, como o exército e o voto. Com a educação não é diferente, quando você está lá por obrigação (pela legislação brasileira), ela se torna um pé no saco! Acho que as escolas não deveriam ser obrigatórias, mas as propagandas e os pais deveriam convencer os alunos a frequentar a escola.
-Hierarquia: A ordem hierárquica na escola é péssima porque mostra que um deve ser submisso ao outro: Diretor>Coordenador>Professor>Moça da limpeza>Aluno. Sou a favor da igualdade entre todas essas categorias de pessoas, assim não fica parecendo uma ditadura com um líder mandão mandando em outros líderes menores e assim por diante.
-A predeterminação do que aprender: Há mais de mil anos atrás um filósofo sugeriu escolhermos o que queremos estudar ao invés dessa predeterminação de matérias (Matemática, Filosofia, História, Português, Inglês, Química, Física, Educação Física, Geografia, Artes, Sociologia e etc). O aluno escolheria o que queria aprender (Seja matemática ou música)
-O ambiente escolar: Primeiro que o local da escola se assemelha muito à uma cadeia: Várias salas idênticas que só podem ser abertas por um lado, gente pulando o muro e tentando fugir e etc. Depois que eu sou a favor de aulas à céu aberto e em roda, com professores ensinando os alunos como um bate-papo, respondendo perguntas e com a extinção da lousa! A não ser que o professor explique melhor anotando, ele usa uma lousa, mas o aluno só copia se quiser, até porque uma conversa é muito mais produtiva e ensina mais do que uma lousa rabiscada com alunos copiando o que já está no livro.
- As provas e métodos de avaliação em geral: Pedir para 40 alunos fazer uma prova igual é a mesma coisa que pedir para um pinguim, um macaco e um elefante subirem uma árvore: Como eu já disse, os alunos têm formas diferentes de aprender e mostrar que aprenderam, sem contar que essa coisa de “Não colar!” É um absurdo porque em uma empresa, por exemplo, colar seria trabalho em equipe, pedir para não colar é quase pedir para decorar o livro ou a matéria x do livro, o que é extremamente difícil e desnecessário. A escola nos ensina a decorar muitas coisas, e não aprender. A solução seria a extinção desses métodos de avaliação.
-A educação da dominação: A escola atual nos ensina a obedecer, e não a criticar, pensar ou revolucionar. A escola sempre ensina que há certo e errado, e certo é o que está no livro, a escola nos prepara para um mondo que quer deixar tudo onde está e não mudar ou revolucionar nada. É como se um professor chegasse à classe e falasse “Hoje aprenderemos sobre democracia”, um aluno pergunta “Por quê?” E o professor responde “porque eu quero!”. Isso não faz o menor sentido, toda essa repressão ao questionamento e mudanças, fora a neofobia!
-A diferença entre a escola estadual e particular: Muitas pessoas matriculam seus filhos na escola particular por ser melhor no ensino e essas coisas, mas eu pessoalmente acho que a escola do estado é muito melhor que a particular (Já estudei em ambas), porque na escola do estado nós vemos pessoas de todas as cores, etnias e pessoas pobres, ela nos ensina a lidar com a vida e os problemas (Como falta de água ou livros, coisa que nunca aconteceria em uma escola particular). Outro aspecto é que na escola particular quem está fazendo a escola são os pais e não os alunos, então eles dizem como o aluno deve ser educado e cobram os professores pela falta de educação que deveria vir de casa!
-A religiosidade nas escolas do pseudo estado laico: Eu não vejo problema algum nas religiões em geral, mas sou completamente contra o ensino dela nas escolas. Esse não é muito um problema nacional, mas sim americano. É um assunto bem polêmico lá e houve vários protestos como a distribuição de livros satânicos para colorir nas escolas e o aluno que exigiu que a religião “rastafári” (Brincadeira de acreditar em um monstro de macarrão gigante que governa o mundo) fosse ensinada nas escolas já que o cristianismo era ensinado livremente. Acho que nas escolas deveriam ser ensinados apenas os fatos comprovados e nada envolvendo religião, seja ela qual for (não estou dizendo que professoras ou alunos não deveriam rezar ou ler a bíblia, só acho que não deveriam ensinar aos alunos como sendo plena verdade).
Em geral é isso, no início do texto eu apontei os problemas da escola real/atual e nos tópicos mostrei como resolver estes problemas, transformando a escola real na escola ideal e vice- versa. Queria agradecer à Mariangela Ramisch pelo convite de escrever aqui e agradecer a todos que leram isso, deixe sua opinião!
